10 de janeiro + Sem perder a ternura +

"Paulo,

Escrever para você é pura perda de tempo, é desfalecer sem razão, é dizer novamente o que já disse tantas vezes, seja com palavras, seja com desprezo, porém, insisto em escrever.

Paulo, quando me fez aquelas perguntas, dia 8, às 7:30 da manhã, talvez não tenha visto meu olhar de repulsa, que ficou escondido atrás dos meus óculos escuros. Mas sim, senti repulsa. Porém, pra ver até onde você ia, agi com naturalidade. Naturalidade inclusive, com que agi durante seus telefonemas e e-mails daquela semana. Entendi tudo aquilo como um desvio de conduta, uma transgressão, enfim, não te julguei, longe de mim.

Olha Paulo, sinceramente, por mais nojento que tudo aquilo tenha me soado, hum... achei engraçado uma pergunta daquelas vindo da sua parte, assim, tão de repente, e pensei que nosso grau de entendimento e amizade era tão grande que te fez falar aquilo. E de qualquer modo, como tantas outras vezes, a decepção maior ainda estaria por vir.

Quando achei que aquilo tudo havia sido pura fraqueza da sua parte, vem você e bate minha cabeça no chão: assim, sem o menor constrangimento, sem o menor pudor, colocou outra em meu lugar antes mesmo que os lençois esfriassem. E me olhou daquele jeito... aquele jeito que eu e você sabemos bem: sua cara de cachorro arrependido e carente, "o que eu fiz de errado, Carol?", mas juro Paulo, nunca mais vai tocar em um único fio dos meus cabelos. Juro pela repulsa que sinto do que fez.


Não sei como ainda não aprendi! Decepcionar-me com você é tão corriqueiro Paulo! Porque ainda me assusto com suas mancadas? Tão repetidas e atrasadas. Tão mais do mesmo e tão reveladoras... Me mostram tanto de você e mesmo assim Paulo, não vejo. Porque? Talvez porque você seja mesmo pura carcaça, pura casca moldada pra sorrir esse sorrisinho falso e ludibriar as pessoas. Ou talvez, Paulo, eu não veja pois carrego em mim uma esperança infinita de te ver puro ainda, como eu via...

Esse texto é porque estou ressentida ou magoada? Não! ou melhor, não por você. Ressentida sim, mas comigo mesma. Ressentida por ainda acreditar quando você começa a falar mole e porque, por pura burrice, quando começa, mais uma vez, com seu discurso patético, caio e idiotamente esqueço como é egoísta. Como só se preocupa com você, suas necessidades, sua compulsão...

Paulo, por vezes repito seu nome nessa carta e isso é para demonstrar minha indignação. É por não te entender nunca, Paulo. Repito pra ver se consigo fazer entrar na sua cabeça as coisas que penso e tudo que vejo você fazendo. Paulo, você que acha que nem faz nada de errado, que sai por aí fazendo bobagens e nem se dá conta.

Mas no fundo, Paulo, bom foi isso ter acontecido. Bom pra que assim eu fique mais calejada e cada vez mais protegida de canalhas como você e assim, aprendo mais a mais a não mais permitir que babacas como você sapateiem em meu coração. Sapateia amor, pode sapatear... vai batendo seu saltinho no tablado, mas se prepara, para caras como você, os tombos costumam ser avassaladores. Se prepara, pois com essa sua prepotência e falta de preparo para lidar com certas coisas da vida, na hora que estatelar os dentes no chão, difícil vai ser levantar.

Ana Carolina, a sua ex Carol.
Ex mesmo, ouviu?! e se prepara, pois praga de ex pega que é uma beleza!
Ps: Ah! Paulo! só uma coisa: sobre aquela sua fatídica pergunta... bem, sinceramente? sim, já houve melhores. E mais, sobre a outra pergunta, sim, já fiz. Mas não, não faria com você."

Carol é uma menina de 28 anos, pronta para encontrar seu príncipe encantado, cheia de idéias novas a cada 5 minutos e uma certa impaciência com certas coisinhas... calejada de alguns pequenos tombos pela vida, mas que segue sempre assim, "sem perder a ternura". E pra sorte de todos nós, ela sabe bem o que fazer em situações como essa.