31 de janeiro + Joguinhos de Azar +

Após um assustador insight na noite anterior, cheguei disposta a “colocar meu plano em prática”. Sem muitas dificuldades lá estava eu, deparada com aquele país todo, histórias de um mundo novo, dizeres que diziam tudo numa velocidade estranha. Corri para lá.

A princípio desconfiei, mas por alguma curiosidade estranha fiquei por alí e fui mergulhando, já sem muito entender. Os nomes citados, o modo como aquilo havia sido feito, pequenos detalhes confessionais, sim, possivelmente meu insight havia gerado frutos. Claro, uma coisa meio Marília de ser, senti medo, senti frio, senti mais que frio, senti aquele friozinho meio anestesiante...

Alguns “detalhes” descritos não condiziam com o que eu supostamente estava querendo enxergar, porém, outros... assustador... se por um lado havia resquícios de um “pára de viajar, Camila!”, por outro, havia, assim, de graça, de bandeja, provas declaratórias do que eu estava buscando desde o primeiro momento em que ali cheguei.

Ah... aquelas subjetividades sempre tão óbvias, agora me soavam esquisitas... Admito que eu talvez tenha sido prepotente demais ao acreditar que nada mais vindo dali era subjetivo o bastante para meus olhos já viciados naquela atmosfera.

Teria nosso anti-herói mudado de país, profissão e objetivos? Hum... talvez sim, devido ao cansaço, mas uma coisa batia forte ainda: aquela coisa que ele tem, meio secreta, meio velada, meio... joguinhos de azar... Caberia agora então a nossa anti-heroína imergir pra bem fundo e de lá voltar com algumas respostas aquelas novas perguntas.

29 de janeiro + Por todas as horas +




Nina Simone
"Feeling Good"

24 de janeiro + Maré +

"Se tu me amas,
ama-me baixinho.
Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos."

Trecho de "Bilhete"
Mário Quintana



"depois te amo mais"

23 de janeiro + Da minha janela eu posso te ver +



"I realize we won't be able to talk for some time,
And I understand that as I do you.
The long distance thing was the hardest,
And we did as well as we could.
We were together during a very tumultuous time in our lives.
I will always have your back and be curious about you,
About your career,
Your whereabouts..."

"Little darling, I feel that ice is slowly melting (...)
Here comes the sun, here comes the sun,
It's all right"

22 de janeiro + Abuso +

Encontrar-se no abismo da saudade
é constatar que está se “preso por vontade”

Concentrar os meus esforços nesse estrago
é morrer todo dia a seu lado

Adorar teus olhos nos retratos
é viver menos, é viver só de pedaços

Amar “o que já não somos nós” e me atirar a míngua da tua sorte
é esquecer meu rumo e me guiar pelo seu norte

17 de janeiro + Mesmo Querendo +

Amor, ver-te ao longe é ver-te menos. É não ver-te. É desver.
Amor que é meu amor de longe, que sabe que amo e ri sem querer.
Diverte-se com a angústia que meu peito dispara e declara e mesmo quando vê o sopro a tomar meus dias, nada faz
Brilho e me espelho em tuas carícias tão ausentes e que mesmo sem tocar, me arrebatam
Amor que não diz nada, faz chorar minha prumada, me deixa quase tua escrava, tua Isaura, de corpo, fios e poros
Roço minha língua em meus lábios pra sentir teu beijo quente,
Encosto a ponta dos meus dedos gélidos em meu punho pra sentir a pulsação e tento sentir a textura que por vezes roçou seus braços e por eles deslizou.
Ah amor, fez de mim tua súplica, me torno apenas coadjuvante de minha própria vida ao decidir ser tua inteira, ao decidir te amar pra sempre, esse amor quase impuro, as vezes doente, e que por vezes, negado
Amor, eu choro. Faz-me melhor ao deitar-se a meu lado e velar meu corpo cansado, antes que a alma desbote as mais pálidas cores desse inverno intocável.
Faz-me parar de escrever pra ti gritando, chorando, suspirando, implorando
Amor que já não sei se imploro ou apenas abrigo em mim como um doce pesar.
Ouvir-te sem te ouvir é ouvir-te mais, é ensurdecer, é enlouquecer

Texto meu, altamente inspirado nos lindos "estragos" que a poesia de Mário Cesariny faz em mim... para deleite, "faz-me o favor":

"Faz-me o favor...

Faz-me o favor de não dizer absolutamente nada!
Supor o que dirá
Tua boca velada
É ouvir-te já.

É ouvir-te melhor
Do que o dirias.
O que és nao vem à flor
Das caras e dos dias.

Tu és melhor - muito melhor!
Do que tu. Não digas nada. Sê
Alma do corpo nu
Que do espelho se vê." - Mário Cesariny

Abaixo, mais devaneios... para esmorecer...para morrer de amor, para desfalecer ao ler frases como "mesmo querendo"... trecho de "votos de submissão", por Fernanda Young

"(...) Os meus desejos irei ver nos teus olhos refletidos.
Mas quando for a hora de me calar e ir embora sei que, sofrendo, deixarei você longe de mim.
Não me envergonharia de pedir ao seu amor esmola, mas não quero que o meu verão resseque o seu jardim.
(Nem vou deixar - mesmo querendo - nenhuma fotografia.
Só o frio, os planetas, as ninfetas e toda a minha poesia)” - Fernanda Young

16 de janeiro + "Teus lábios são... labirintos..." +

"O melhor esconderijo, a maior escuridão
Já não servem de abrigo, já não dão proteção
A Líbia bombardeada, a libido e o vírus
O poder o pudor os lábios e o batom

Que a chuva caia como uma luva
Um diluvio um delírio
Que a chuva traga alivio imediato
Que a noite caia de repente caia
Tão demente quanto um raio
Que a noite traga alivio imediato

Há espaço pra todos há um imenso vazio
Nesse espelho quebrado por alguém que partiu
A noite cai de alturas impossíveis
E quebra o silencio e parte o coração

Há um muro de concreto entre nossos lábios
Há um muro de Berlim dentro de mim
Tudo se divide todos se separam
Duas Alemanhas duas Coreias
Tudo se divide todos se separam

Que a chuva caia como uma luva
Um diluvio um delírio
Que a chuva traga alivio imediato
Que a noite caia de repente caia
Tao demente quanto um raio
Que a noite traga alivio imediato"

Alívio Imediato
Engenheiros do Hawaii

com o coração na mão e um nó na garganta, te digo: obrigada

16 de janeiro + Lying in my bed +

Seus pedaços em meus espaços
A doce perdição e as horas mais bem vividas, pelos ares
Respirar o mesmo ar que você é o que alimenta minhas certezas
Busco o que eu sei que está bem na minha frente, seu rosto perfeito e seu sorriso repleto
Desperto
De peito aberto vejo a nova construção, vejo o coração corado e nada mais desentoa nosso ninho
A diferença entre nós está justamente no fato de não ficarmos buscando o que nos destoa
Escolhi ser feliz e isso significa que escolhi ficar mais perto de nós
Mais perto de onde sou mais eu em você, onde está tudo por perto de nós e no meio de tudo, onde está você.

15 de janeiro + Pelos Ares - Parte II +

Inerente a mim existem as vontades, existem as queridas Marília, Julia e a Ana Carolina, existe uma saudade, existe uma angústia que atormenta e não importa, não importa mesmo o quão bom ou florido seja o dia, esse aperto vive aqui. Inerente ao que eu viva ou quem viva comigo. Existem meus eus gritando desesperados comigo me dizendo que desesperar não é justo comigo mesma, existem coisas além da minha compreensão, fatos, fotos, sobras, pedaços... Pesos que vou carregar comigo pra sempre, como um prego cravado. Existem provas que eu fico dando, amores que eu vejo passando, horas e o tempo levando.

E eu sei que esse meu jeito te irrita. Te deixa pensativo: "Mas porque ela pensa tanto em tudo?". Sei mesmo e sei também que esse foi um dos motivos... Mas eu não sei ser de outro modo, não sei te amar de outro jeito, não sei ser menos passional, menos Camila. Isso seria mentir para mim.

Hoje eu vi seu número no visor e relutei em atender. Pensei em tudo e no que não devia fazer. Pensei em te deixar e assim deixar também o melhor de mim. Pensei em deixar o céu cair sobre meu mundo e em deixá-lo estremecer. Pensei que cedo ou tarde eu sofreria e por isso melhor seria calar agora. Pensei em tantas coisas e de olhos fechados te encostei em meu coração. Aqueci. Entendi. Te atendi.

15 de janeiro + Registro +

"A esta altura do campeonato, se eu tomar isso vou cair dura aqui! cê tá louca?"
"Meu! você viu o que você fez ontem? toma logo, pô!"
"Olha, vocês duas, juro, isso tá ferrando com a gente e mais lenta do que isso não vou aguentar."
"Parei. Decide você."
"Passa logo tudo isso a limpo, pelo amor! Tô surtando aqui!"
"Tá, mas antes vou tomar."
"Toma logo!"
"Toma nada!"

14 de janeiro + O melhor mesmo é me amar +

Sei que me odeia.
Sei de todos os motivos e concordo com alguns. Com outros, apenas entendo.

Te vejo com os mesmos olhos que me vê, mas admito, talvez eu não veja tudo em você.
Sei o que preciso e o que me faria feliz, e mesmo sabendo que isso não viria de você, te olho, sem entender.

Sei que me odeia. Motivos deve ter.
Seus porquês, suas verdades, coisas que eu não quero entender.

Me odeia, mas odeia mais ainda o esforço diário que faz para se lembrar disso.
Como se estivesse sempre lutando contra.
Lutando para lembrar dos motivos errados, imperfeitos, revirados.
Lutando para repetir para si mesmo que “por essas e outras” deve mesmo me odiar.

E grita para o seu inconsciente o quanto quer me detestar, mas ele te trai, te encara de frente e te olha bem fundo. E no espelho seus olhos gritam e te mostram o quanto ainda me ama.

É nesse momento que me odeia mais e entende que pode até tentar, mil motivos encontrar, mas esse encanto te encontra e te mostra que o melhor mesmo é me amar.

***

Pior sou eu, que pus meu peito em perigo ao decidir ser teu abrigo e nunca mais eu tive paz.

11 de janeiro + Em chamas +

Incrível é essa capacidade (no meu caso, habilidade), de imergir em caos particulares e infinitos...
Camila, Camila, Camila... quando você vai me dar sossego??
Vê se pára, por favor!
Ouvindo beeem alto Matchbox 20 e acompanhando o fim do mundo, daqui da minha janela, de onde todas elas, (seja a doce Marília, a espevitada da Julia ou a emputecida Carol), todas, sem exceção, caem feio.

Enquanto minhas pernas ficam bambas, meus braços perdem as forças e os pêlos do meu corpo se arrepiam infinitas vezes, seja de frio, seja de... desfaleço. Enquanto meus pulmões bombeiam o ar desesperado e me entregam, roço a ponta da língua aos meus próprios lábios e inclino de leve a cabeça para trás. Sinto meus cabelos escorrendo pelas costas e de algum modo sei que está aqui. Em algum lugar ainda em mim.

Se ainda soubesse como ou se ainda tivesse forças para isso, choraria. Hoje eu choraria o choro mais alto da minha vida. Desmaiaria só para ser encontrada por você. Imploraria suas mãos por mais 5 minutos e morreria olhando pros seus olhos, que por tantas vezes já me encheram de encanto. Eu desfaleceria por você, hoje. Que estranho!

Vamos ver até onde aguentamos. Até onde isso vai.
Se eu não beber algo hoje, com um carro e um cartão na mão, algo vai dar muito errado.

Sua boca é rala e nada mais que sai dela me convence. Você me desmonta, é fato, mas isso é só porque tem um lado meu que é totalmente viciado. Só por isso. E não porque eu ainda sinta, de fato, algo por você.




Eu também acredito que o mundo esteja em chamas.

11 de janeiro + Pedacinhos +

Porque é tudo mais doce.
Porque eu fico mais doce.
Porque você... você entende, mesmo sem entender nenhuma dessas palavras confusas que saem da minha boca...


Porque você vê... enxerga em mim o que eu nem sei se mostro direito... uma Camila meio que nos bastidores... mas você sabe bem...
Porque ontem eu sonhei com você e porque sua voz... sua voz... sua voz me acalma a alma.

Me acalma inteira. Me entrego inteira. Fico assim... hum...

Me acorde assim sorrindo, que eu fico aqui pra sempre.
Sorria sempre assim, que eu fico assim serena, perdida, entorpecida nas pequenas coisas...

Por quanto tempo tiver que durar.
Por quanto tempo o tempo deixar.
Por quanto tempo meu céu for seu mar.

"The little things you do to me
are taking me over
I wanna show you
everything inside of me
like a nervous heart that is crazy beating
My feet are stuck here
against the pavement
I wanna break free
I wanna make it
closer to your eyes
get your attention
before you pass me by"

10 de janeiro + Sem perder a ternura +

"Paulo,

Escrever para você é pura perda de tempo, é desfalecer sem razão, é dizer novamente o que já disse tantas vezes, seja com palavras, seja com desprezo, porém, insisto em escrever.

Paulo, quando me fez aquelas perguntas, dia 8, às 7:30 da manhã, talvez não tenha visto meu olhar de repulsa, que ficou escondido atrás dos meus óculos escuros. Mas sim, senti repulsa. Porém, pra ver até onde você ia, agi com naturalidade. Naturalidade inclusive, com que agi durante seus telefonemas e e-mails daquela semana. Entendi tudo aquilo como um desvio de conduta, uma transgressão, enfim, não te julguei, longe de mim.

Olha Paulo, sinceramente, por mais nojento que tudo aquilo tenha me soado, hum... achei engraçado uma pergunta daquelas vindo da sua parte, assim, tão de repente, e pensei que nosso grau de entendimento e amizade era tão grande que te fez falar aquilo. E de qualquer modo, como tantas outras vezes, a decepção maior ainda estaria por vir.

Quando achei que aquilo tudo havia sido pura fraqueza da sua parte, vem você e bate minha cabeça no chão: assim, sem o menor constrangimento, sem o menor pudor, colocou outra em meu lugar antes mesmo que os lençois esfriassem. E me olhou daquele jeito... aquele jeito que eu e você sabemos bem: sua cara de cachorro arrependido e carente, "o que eu fiz de errado, Carol?", mas juro Paulo, nunca mais vai tocar em um único fio dos meus cabelos. Juro pela repulsa que sinto do que fez.


Não sei como ainda não aprendi! Decepcionar-me com você é tão corriqueiro Paulo! Porque ainda me assusto com suas mancadas? Tão repetidas e atrasadas. Tão mais do mesmo e tão reveladoras... Me mostram tanto de você e mesmo assim Paulo, não vejo. Porque? Talvez porque você seja mesmo pura carcaça, pura casca moldada pra sorrir esse sorrisinho falso e ludibriar as pessoas. Ou talvez, Paulo, eu não veja pois carrego em mim uma esperança infinita de te ver puro ainda, como eu via...

Esse texto é porque estou ressentida ou magoada? Não! ou melhor, não por você. Ressentida sim, mas comigo mesma. Ressentida por ainda acreditar quando você começa a falar mole e porque, por pura burrice, quando começa, mais uma vez, com seu discurso patético, caio e idiotamente esqueço como é egoísta. Como só se preocupa com você, suas necessidades, sua compulsão...

Paulo, por vezes repito seu nome nessa carta e isso é para demonstrar minha indignação. É por não te entender nunca, Paulo. Repito pra ver se consigo fazer entrar na sua cabeça as coisas que penso e tudo que vejo você fazendo. Paulo, você que acha que nem faz nada de errado, que sai por aí fazendo bobagens e nem se dá conta.

Mas no fundo, Paulo, bom foi isso ter acontecido. Bom pra que assim eu fique mais calejada e cada vez mais protegida de canalhas como você e assim, aprendo mais a mais a não mais permitir que babacas como você sapateiem em meu coração. Sapateia amor, pode sapatear... vai batendo seu saltinho no tablado, mas se prepara, para caras como você, os tombos costumam ser avassaladores. Se prepara, pois com essa sua prepotência e falta de preparo para lidar com certas coisas da vida, na hora que estatelar os dentes no chão, difícil vai ser levantar.

Ana Carolina, a sua ex Carol.
Ex mesmo, ouviu?! e se prepara, pois praga de ex pega que é uma beleza!
Ps: Ah! Paulo! só uma coisa: sobre aquela sua fatídica pergunta... bem, sinceramente? sim, já houve melhores. E mais, sobre a outra pergunta, sim, já fiz. Mas não, não faria com você."

Carol é uma menina de 28 anos, pronta para encontrar seu príncipe encantado, cheia de idéias novas a cada 5 minutos e uma certa impaciência com certas coisinhas... calejada de alguns pequenos tombos pela vida, mas que segue sempre assim, "sem perder a ternura". E pra sorte de todos nós, ela sabe bem o que fazer em situações como essa.



[Respira fundo Camilinha...]
Vamos lá:


O dia de ontem foi incrível e especial. Não falar sobre tudo, com riqueza de detalhes, inclusive, seria mesmo um pecado! já o dia 9, ainda em curso (ai, ai...), começou eletrizante, mas sinceramente, não sei dizer se foi bom ou ruim. Vamos aguardar as cenas do próximo capítulo.

Bem, pra minha sorte existem pessoas verdadeiramente importantes e totalmente integradas ao meu dia a dia e que, graças a Deus, aparecem com suas pinceladas de gentileza e carinho e deixam o dia mais florido! Que missão linda! Ai meus sais! Pois é! Isso mesmo!

Regado a muito champagne, ganhei uma cesta de morangos lindíssima! Linda homenagem! Fiquei lisonjeada, mesmo... e resolvi retribuir e explicar os queridos porquês:

- Por associar músicas e imagens aos textos e entender perfeitamente a conexão entre essas coisas;
- Por me deixar usar alguns jargões, citações, fotos, poemas, músicas... e por ter incorporado algumas minhas;
- Por entender que no caso de certas imagens, sons, filmes... o melhor é deixar pra ver depois, no momento certo, pois ali fará um sentido enorme;
- Porque se apaixonou por André Breton mais não deixou de amar Chico Buarque;
- Porque fala com uma subjetividade incrível, mas tá tudo tão ali, tão explícito... difícil explicar...
- Porque escreve, apaga, volta pro texto e entende que uma música pode resumir uma semana;
- Porque acha que o mundo é rosa e não azul (apesar de alguns dias terrivelmente cinzas);
- Porque me ajuda a entender muuuuuitas coisas;
- E finalmente, porque entende a Marília e a Julia e se esbalda com as confissões descabidas e quase sempre adolescentes da Camila.

Para você,
santa afinidade!
espero que goste e se delicie com os pêssegos,
o mousse e as pitadas de canela!
Beijos

04 de janeiro + "Eu não lembro de me importar com isso" +

Ela disse que não tinha problema, deve ter dito algo como “tudo bem”.
E nem haveria mesmo de ter; Para ela, o pensamento voava mais do que as esperas e dentro dela, era mesmo para longe que tudo havia ido.
Em algum lugar muito escondido talvez ainda houvesse mais algo a dizer, mas ela fez questão de abstrair, dizer ok e tudo bem, seguir sem ver a fumaça dissipar.
Onde colocar tudo que fica pelo caminho, tudo que se acumula e se destrói numa velocidade quase inalcançável, como alcançar, como avançar?
Mais uma vez saiu de casa daquele jeito e foi dizendo pelo caminho que estava tudo bem, foi dizendo que era tarde, foi chorando e amargando os pedaços, ora reconstruídos, ora destruídos, ora pelo caminho, ora embaçando mais do que a vidraça, ora despencando junto com a casa de vidro.
É claro que estava tudo bem, ela nem precisava dizer, é claro. Nem friozinho aquilo lhe causava e chorar agora não faria o menor sentido. É claro que foi imprudência, ela sabia, sentia, mas dizia que estava tudo bem.
Ao final, afinal, apagou e se desfez dos vestígios e tratou de pentear os cabelos, maquiar e bolar a idéia mais incrível da sua vida! E melhor: decidiria o título de toda aquela história... finalmente.
Quebramos aos montes, não?! Sinceramente, olha... isso cansa demais... quebramos e ver o finalmente virar somente um montante de pedaços deixa tudo tão chato... Pra que tudo isso?
Juro que ouvi, juro! Ela disse mesmo que não tinha problema e não! Não haveria de ter! não tem porque! Veja! Ah!!! que gritaria é essa agora, minha bella?! O que está fazendo conosco? Quem está batendo nessa porta agora? Resolve isso Camila, resolve!
Quis tanto!
Ah! santa desconexão, despropósito, despretensão... santa ousadia! Santa Camila indo rápido demais!
Quem vai cair ou bater a cabeça na guia primeiro? Quem vai ficar pra descobrir onde o túnel vai dar? Pra onde esse carro desgovernado está nos levando?
Hold on!
Mas antes de tudo, moved on and on and on…
Isso é tão estranho e ao mesmo tempo, tão estúpido. Isso é esse mundo? estranho... Quem vai parar com tudo isso? Quem vai calar essa Camila tão introspectiva e que quando escreve me deixa assim, entorpecida. Fomos para onde, afinal?
Mas me diz, de uma vez, rápido como sua respiração quando cola seu peito ao meu, onde estamos?
Juro, se isso não parar, quem pára, qualquer hora dessas, serei eu mesma.

04 de janeiro + 8 anos +


Crescer deveria ter sido mais fácil...
Mas quer saber?! Foi bom...
(Eu adoro meu sorriso nessa foto!)

Tem mais de 25 anos? Então chora! ouça e chora! pode chorar, afinal, recordar é viver e essa versão tá realmente arrasadora! (e de onde veio essa, tem muito mais!)

01 de janeiro + Mentre Piove +

Choveu na tarde do primeiro dia do ano.
Prelúdio?
Do que?
De nada! é só chuva, lavando, levando...

Linda e trazendo o cheiro das folhas pra dentro de nós, foi assim que a primeira chuva caiu, intensamente e com os olhos parcialmente abertos pude começar a escrever esse texto...

Muitas foram as chuvas do ano que passou: fracas, intensas, ousadas, devastadoras, ralas, fresquinhas, rapidinhas, fortes... variadas tempestades e lidar com todas elas trouxe a tona nossas mais escondidas capacidades... seríamos capazes de enfrentar os vendavais internos que nos acometeriam e sobreviver?

Desafiadoras foram as chuvas... Mesmo quando o dia lá fora estava convidativo e o céu lindíssimo, por vezes, o ano de 2007, trouxe grandes tempestades para minha vida. Chovia, muito! Tardes insuportáveis de chuva e frio. E as noites? Dessas eu nem vou falar...

Choveu muito. Não no sentido lindo de simplesmente deixar cair água do céu, mas no sentido de derramar saudade, espalhar instabilidade emocional, alagar e confundir pequenos sentimentos, grandes sensações, e foram... ah...

Choramos e sofremos,
Ora sozinhos,
Ora um no colo do outro

Cantamos,
Ora desafinados,
Ora alto demais!
Ora só para rirmos um da cara do outro...

Cuidamos
Ora com sorrisos, ora com carinhos
Ora do que fizemos um ao outro
Ora das feridas um do outro...

Olhamos a chuva
De baixo pra cima
Debaixo e de cima

Discordamos de quase tudo e
Terminamos de mãos dadas,
Destoando

As cores, ora pálidas, ora escoando pelo ralo,
Emergiram e retomaram seus lugares em meus sorrisos

O inverno se aqueceu
A primavera arrebatou o que o outono prometeu e o verão...
Ah...

Ah... se a chuva tivesse o poder não só de cair, mas também de espalhar, através de suas águas, todo meu carinho, saudade, vontade e verdade, levaria, gota a gota, pedacinhos de mim pra respingarem em sua janela... aquela, do seu quarto ou do seu carro, e nelas escreveriam palavras encantadas pra você ler e saltar. Saltar num pulo veloz e vir em minha direção.