+ Apenas Deixe +

"Não importa o que o passado fez de mim. Importa é o que farei com o que o passado fez de mim."

Jean-Paul Sarte

+ Apenas Sinta +

“Os que fazem amor não estão fazendo apenas amor: estão dando corda ao relógio do mundo.”

Mário Quintana

+ Apenas Queira +

"Depois que um corpo comporta outro corpo nenhum coração suporta o pouco."

Alice Ruiz

+ Apenas Seja +

O que é pouco é nada. O que é medo atrapalha. O que é ponderação atrasa. O que eu gosto é de frio (na espinha). Quando se é menos, sobra muito pouco tempo pra ser o que realmente importa.

Esse é meu mesmo.

22 de abril + Sobre o tempo +

De tempos em tempos é necessário deixar caotizar-se em meio ao mundo imperfeito, cheio de defeitos que se desfazem aos pedaços e nos mostram como menos é mais.

Entorpecer, enlouquecer...
caminhos para conseguir se conhecer...

"Felicidade se acha é em horinhas de descuido"
João Guimarães Rosa

21 de abril + Amy Winehouse By Fernanda Young +

"Quem não tiver uma Amy Winehouse dentro de si que se apresente. Vai se apresentar para uma platéia vazia, obviamente, pois nessas ninguém está interessado. Mulheres que não admitem a sua dor – aquelas que são perfeitamente esquecíveis – não merecem nenhuma poesia, ou rascunho, ou rápida melodia, pois se recusam a abrir mão do conforto de uma farsa em nome de uma verdadeira vocação: a de sofrer belamente.

O Drummond escreveu que “a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”. Um verso bonito, além de sábio, porém tipicamente masculino. Mulheres não sofrem por opção, sofrem por evolução. Nós sofremos porque percebemos coisas que os homens ainda não são capazes. Talvez, um dia.

Não há, portanto, a mulher que não sofra – há a que não se mostra. Já que o sofrimento é, para nós, uma espécie de vestido lindo, antigo e bem adornado; um Paul Poiret. À nossa disposição, no cabide. Então usaremos essa roupa, não tenham a menor dúvida. E algumas de nós o farão em público, deslumbrantemente. Como é o caso da Amy.

Você olha para ela e vê que aquela é sua maior aptidão: existir sob esse manto raro, por vezes sombrio, que a cobre. Não há nada em Amy Winehouse que não seja genuíno, e isso consegue ser gritante em sua música suave enquanto doce em sua aparência rude.
Atraente e repugnante ao mesmo tempo. Linda e digna de pena. Ora, pode haver imagem mais explícita da crucial inconstância feminina? Óbvio que é disgusting vê-la toda borrada, sem um dente, com sapatilhas a lhe denunciar as picadas que dá nos pés. Mas também é maravilhoso vê-la tão pequena, antiga de tão moderna, na medida que só os autênticos conseguem ser, e se equilibrar. Mesmo que essa idéia, a de equilíbrio, não pareça muito adequada à Amy. Para mim, é.

Amy Winehouse é um acontecimento secular, tipo Billie Holliday, Edith Piaf. A gente não tem como exigir higiene, ou conduta, ou senso de preservação, ou auto-estima, dessas mulheres. Seria pedir demais."

"Como dizer para essa moça o que ela talvez devesse ouvir? “Ei, Amy, deixe esse cara pra lá, ele não vale tanto a pena.” “Ei, Amy, faz o seguinte: toma no máximo cinco cervejas quando for ao pub.” “Ei, Amy, fume seu baseado, mas deixe o resto de lado.” Imagina a cara que ela iria te olhar?

Pela Amy Winehouse, sinto essa contradição, acho, parecida com a de todas as mulheres. Eu me identifico com a delinqüente, e a mulherona que cobre o Blake de porrada, mas me preocupo, como uma mãe com uma filha, a ponto de rezar por ela todas as noites. Uma reza sincera, para que Deus a proteja, igual faço pelas minhas meninas.

Amy, olha só: você é tão jovem... E quando fico emocionada tenho essa mania, cafona e burra, de usar reticências... Mas não!... Para a Amy Winehouse, não cabem emocionalidades baratas. A triste junkie que habita em mim não suportaria parecer uma mãezona dócil que faz promessa.
Então, mais uma dose. Por que que a gente é assim?"

"Por que bad boys são “os fodões” e bad girls são “as fodidas”? Por que os bad boys são símbolo de liberdade e as bad girls são presas para servir de símbolo? Por que bad boys são assim por rebeldia e as bad girls são assim por sem-vergonhice?
Aparentemente, o mau comportamento ficou de fora das conquistas feministas. Então que seja esta nossa nova luta: pela igualdade de direito de errar. Direito de fazer o que não se deve. De chegar em paz ao fundo do poço.

Dean Martin, Frank Sinatra, Sammy Davis Jr. e aquele outro, que eu esqueço o nome, bebiam todas, consumiam tudo, comiam qualquer uma – e eram o charmosíssimo “rat pack”.
Britney Spears, Lindsay Lohan, Paris Hilton e aquela outra, que eu também esqueço o nome, bebem uns champanhes a mais, tomam uns analgésicos, dão umas batidinhas de carro – e são as vadias bêbadas e drogadas de Hollywood.

É, o machismo acabou só para as caretas. Para as doidas continua valendo. Acho, inclusive, que as próprias mulheres têm culpa nesse atraso. Notoriamente mais competitivas entre elas, não competem apenas com a colega do lado, mas com todas as mulheres do mundo.

De Marilyn Monroe a Anna Nicole Smith, todas morreram sem uma amiga do lado. Por quê? Porque mulheres não são companheiras na sarjeta. Homens são. Ou seja, encontramo-nos no ponto em que, juntos, chegamos. Não sei se tem alguém torcendo contra a Amy Winehouse, no momento, mas, se tiver, é mulher.

Eu? Eu torço por ela mais do que pela seleção brasileira."

Por Fernanda Young

01 de abril + Além do que eu já te disse +

Fiquei tranquilo.

Quando a saudade for simplesmente incontrolável, absolutamente fora do meu estado normal de concentração e aos pouco paralisar meus movimentos, deixando dias e noites irreversivelmente lentos, sim saberá.

Saberá quando por pura e sensorial saudade, meus ossos, músculos e pulsação converterem-se todos em pensamentos para você, e sofrerá. Saberá por meio de atitudes intempestivas, por meio de ligações desenfreadas, choros abissais, a insistência em manter-me sempre presente em seus dias, de uma distância onde eu consiga, no mínimo, sentir seu calor.

Minha saudade entregará todos os meus desvios, transformará meus planos em simples roteiros de histórias infantis. Quando a saudade gritar dentro de mim, lhe contarei das formas mais diversas, deixarei que saiba o quanto meu corpo arde pelo seu, deixarei que veja meus olhos encharcados, não temerei e nem terei vergonha das coisas ridículas e sem nexo que eu direi a você. Mergulharei em mim e de modo imperfeito e quase inconcreto, derramarei minha saudade a teus pés.

Quando de tanta saudade eu desenfrear, direi a você tudo que eu penso sobre nossa relação, sobre meus medos, minhas soluções, meus deslizes e impulsos desconsertantes. Mudarei meus objetivos, focos e não mais responderei por mim.

Mas isso amor... isso é tão... humpft!
Escrevo como se fosse novidade... como coisa que você não soubesse... como se eu já não tivesse feito isso, como se já não tivesse te mostrado...


Marília