28 de maio + Pensamento. Paz. Tempo. +

"(...) Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o teu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurre em meu ouvido
Só o que me interessa

A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa"

É só o que me interessa
Lenine


Lógica. Pensamento. Paz. Tempo.
Pausa. Intuição. Acaso.
Alcance. Desejo.
Infinito.
Só.

25 de maio + “A vida é um Demorado Adeus” +

Foi com essa frase parada no meio da garganta que comecei a leitura do texto. A edição deste mês da revista "Bravo!" nos presenteia com uma entrevista bela e comovente com a lindíssima Fernanda Montenegro. Concedida a Armando Antenore, o que encanta acima de tudo é a forma clara e passional com que Fernanda fala sobre algumas questões tão delicadas e comuns a todos, de modo geral. Sinceramente, hoje haveria vários motivos... mas sem dúvida, o que mexeu comigo e me levou aos prantos foi a sutileza das coisas ditas pela atriz. Entre outros, segue um trecho perfeito:

"(...) Nunca roubei, nunca matei. Se impedi alguém de alcançar a felicidade, não me dei conta e peço desculpas. Peço perdão até. Não me julgo perfeita. Longe de mim! Carrego minhas zonas escuras, mas também umas zonas legais. Então... Elas por elas.

Que zonas escuras?

Sou rancorosa. Lógico que rejeito o sentimento e me policio: "Vamos largar de besteira!". No entanto... Ressinto-me igualmente de não ter mais disponibilidade para os amigos e a família. Às vezes, exagero na reclusão. Distancio-me de meus afetos. Quando penso nos colegas que se foram e na atenção insuficiente que lhes dediquei... Flávio Rangel, Renato Consorte, Paulo Gracindo, Lélia Abramo, Zilka Salaberry, Gianfrancesco Guarnieri, Paulo Autran... Convivi tão pouco com o Autran... Sorte que, às vésperas de morrer, ele me mandou uma carta, comovido. Falava de coisas doces. Foi provavelmente a última carta que redigiu. A vida não passa disso, de um demorado adeus (...)"

Trecho da entrevista, disponível também - na íntegra - no site da "Bravo!"

E pra assistir: "Viver sem Tempos Mortos", monólogo sobre Simone de Beauvoir. Em cartaz no Sesc Consolação (rua Dr. Vila Nova, 245, São Paulo, 3234-3000). De 20/5 a 28/6.

Com o coração na mão.
Foi exatamente assim que eu fiquei.

21 de maio + Entrelinhas +


Em mim é clara a lembrança do dia em que terminei de ler "Budapeste", romance de Chico Buarque, agora adaptado pro cinema. Na bolsa eu carregava 2 livros técnicos sobre telejornalismo e espetacularização da notícia. Ótimos, sem dúvida. Mas podiam esperar... No colo, era o romance do Chico que me acompanhava e... [suspiros] tirava meu fôlego, me levava pra Budapeste, me trazia pro Brasil, me jogava na cama da Kriska, no sofá da Vanda, no escritório (quartinho) do José... era imprevisível, mas ao mesmo tempo tinha um 'que' de verdade escancarada.

E os passos dele... todos muito bem justificáveis, mas claro, emputecedores aos olhos femininos mais revoltos. Tinha a espera velada da Vanda e a entrega fatal da Kriska... Lembro que eu estava sentada em um daqueles bancos de madeira, num corredor aberto do primeiro andar que dava pra o térreo da faculdade e dali eu podia ver aquela imensa praça de alimentação, o vaivém desordenado, um barulho infernal... nada me tocava. Nem o tumulto, nem o tímido alvoroço que ainda residia em mim devido a alguns fatos terríveis ocorridos na véspera, nem as mudanças que eu teimava em negar, também ocorridas há alguns dias dali.

Simplesmente me tomou. Me envolveu e fez o que quis de mim. Entorpeceu até meu último fio de razão. Entendi mais sobre entregas, sobre sabores, gestos, risos que a gente dá assim, simplesmente porque faz bem sentir certas coisinhas... as tais coisinhas, enfim. Sabe o que acontece quando a gente abre os braços? A gente ganha um abraço. E sabe o que acontece quando a gente fecha? Pois é... O livro me fez pensar em tantas coisas e lembro que na época foi bem bacana permitir esses tais pensamentos... Claro, sábio como sempre, justamente agora, em meados desse quase final de maio de 2009, o tempo resolveu me colocar novamente diante de todo aquele sentir...E mais uma vez, de alguma forma, amanhã Budapeste vai tocar meu coração exatamente em um momento hiper delicado. E eu vou sorrir, afinal. Sábio tempo.

Pois bem, voltando a 2004... eu, no banco de madeira... ali, imersa, pensando no quanto aquele livro havia mudado algumas das minhas concepções, aberto meus pulmões... Eu queria enxergar mais o mundo e durante alguns instantes eu jurava que podia viajar apenas com o fechar dos olhos. Falei tudo isso porque acontece ainda hoje em dia. É gostoso quando me pego exatamente nessa situação. Com esses pensamentos infinitos, tão possíveis. É gostoso quando sou permissiva comigo mesma e mergulho em paz. Quando me perdoo. Quando me dou de graça pras pequenas belezas da vida. Corro pra minha paz e nessas horas, fica tudo tão doce... E não tem imprevisto, nem desilusão anunciada que consiga me destrilhar (sic).

Budapeste é mesmo um daqueles livros que te fazem pensar: "porra! eu queria ter escrito isso!". E Chico Buarque... sem palavras. Pra nossa sorte, a partir de amanhã, em um cinema bem pertinho de todos nós! E pelo que andei lendo, vai valer muito a pena!!

21 de maio + Eu Sou de Verdade +











Sim, Deus está nas pequenas coisas. E nas grandes então, nem se fala.
Sim, tudo que eu queria era bem daquele jeito agora... quentinho, amargo, derretido, descendo garganta abaixo, escorrendo...
Sim, era. Eu era. Ele era. Éramos.
Tá. E daí? Não foi, não é, não deu.
Pede a conta, fecha a porta e ponto final.
E deu.
Adeus, graças a Deus.

Somos todos assim.
Fazemos isso o tempo todo. Todo o tempo.
O complicado é notar o quão rasteiros e pífios podem ser alguns passos.

Vai, mas vai de uma vez.
Sempre soube que eu detesto tudo que é morno e meio mais ou menos.

Vai com força e com raiva.
Sempre soube que é assim mesmo que prefiro. Confessei desde sempre.







Sabe qual é o grande problema, afinal?
O problema é que eu sou de carne e osso.



Nada mais. Nada menos.







O problema é que joguinhos me cansam. Silêncios me cansam... Você me cansa.
Esses "restos de perfume no frasco", esses vacilos... aff! Me sinto extremamente desconfortável com esses pequenos vestígios de você que ainda habitam em mim.

O problema é que eu sou mesmo de carne e osso.



E não mais uma das suas personagens fantasiosas, um dos seus brinquedos, alguém que vai virar mais uma em um dos seus continhos... Não mesmo. Não sou nada disso aí que você talvez esteja pensando, achando... Eu sou apenas alguém que agora sabe que você não é ninguém.










Eu sinto. Eu choro. Eu me arrebento. Eu bebo. Eu velo meus mortos. Mas eu sei muito bem o que fazer com todo a tralha que sobra ao final, afinal.










"(...) por anos me perguntei: aquilo era verdade ou necessidade de inventar uma certeza? ninguém sabia. ninguém me respondia".







"Tudo tinha mudado. Menos o que ficou igual".










Nas aspas e na inspiração: Clarah Averbuck

15 de maio + The fire fades away +

"The fire fades away
But most of everyday
Is full of tired excuses
But it's too hard to say
I wish it were simple
But we give up easily
You're close enough to see that
You're... the other side of the world"

KT Tunstall
"Other side of the world"


Sim, a letra faz um sentido enorme...

Mas na verdade postei por causa do clipe...

Tem gente demais nos dois lados daqueles mundos.

Gente demais.

13 de maio + Por entre os dedos +



"Eu bem que tento, tento
Tento entender
Mas a minha alma
Não quer nem saber
Só quer entrar em você
Como tantas vezes
Já me viu fazer..."

Alma Nova
Zeca Baleiro

Sinto sua falta. Falta do seu cheiro nas páginas do meu diário. Falta do seu cheiro fazendo "casa nos meus braços". Falta da sua boca nas linhas do meu corpo. Falta das suas mãos seguras nos finais de noite. Falta da sua invasão e da desordem. Falta do seu jeito simples e preciso de sorrir. Falta do seu jeito certo e decidido de me segurar pelos ombros.

Sinto. Simples e pontual. Como algo que já faz parte do que eu devo ou não sentir. Outras pessoas, outros mundos, nossos muros, novos cheiros, novos gostos... a vida tem que seguir, nós sabemos. Mas esse sentir... esse fica aqui. Indecifrável. Indissolúvel. Indistinto. Desconcertante.



Cat Power
"Oh, Time" and "Where Is My Love"
Paris, France, 2004
E pára. No meio da garganta. Estático. Fica ali. Parado e absolutamente desnecessário: o tal nó desafiador.





Dentro e fora, a mistura é incerta. Separar o que era do que restou me parece inútil.



Eu sei exatamente o que acontece daqui, deste exato ponto. Sei exatamente o que vai acontecer comigo agora. Em que ciladas e abismos meu coração começará a afundar. Sei direitinho o que isso vai me causar, como vai me amargar, como vai me revirar, como vai me desestruturar.





É assustador olhar pro inferno que isso vai virar. Olhar pro dia caindo dentro de mim e ver a noite fria chegando e se instalando. E sei que vai ficar ali... por dias, meses... Lenta e escura. Assustadora.

05 de maio + Tell me your secrets, and ask me your questions+

"Come up to meet you, tell you I'm sorry
You don't know how lovely you are
I had to find you, tell you I need you
And tell you I set you apart
Tell me your secrets, and ask me your questions
Oh let's go back to the start

Running in circles, coming tails
Heads on a silence apart

Nobody said it was easy
It's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be this hard
Oh take me back to the start

I was just guessing at numbers and figures
Pulling the puzzles apart
Questions of science, science and progress
Do not speak as loud as my heart
And tell me you love me, come back and hold me
Oh and I rush to the start

Running in circles, Chasing tails
Coming back as we are

Nobody said it was easy
Oh it's such a shame for us to part
Nobody said it was easy
No one ever said it would be so hard
I'm going back to the start"

The Scientist
Coldplay

Simplesmente não sei o que dizer.
E mesmo se eu soubesse, talvez não soubesse como fazer.
Por hoje, digamos que a tradução perfeita pro que diz o meu peito é esta primeira estrofe.

01 de maio + Já pra pista! +

É feriado.
E a vida... a vida as vezes parece um quarto desarrumado cheio de peças de roupa no chão...
Nós sabemos.
Mas deixa!!
Já pra pista!!
Vai com tudo e de uma vez!

Hora de dar um tempo a si mesmo. De ficar debaixo do sol, agradecendo pela tarde convidativa. De colocar as pernas pro ar e rir sozinho. Ria do que deu certo, comemore, agradeça, cante. E se não deu certo ainda, acredite, mentalize, sonhe mais!! Quem disse que tava na hora de parar??

Hoje é dia de ir.
Encontre seu caminho e simplesmente vá.
Sem muitos porquês.
Apenas a delícia do ir.
Tudo fica melhor assim, vai por mim.

Quem sabe você não viaja pra bem longe só com a batida da deliciosa "Beggin", do Madcon (*)? Pensando em tudo, aprendi uma coisinha: não devemos esperar que a vida seja convidativa o tempo todo e que venha nos chamar, nos levar... nós é que devemos deixar nosso salão de festas interno sempre pronto pra próxima balada!! Sempre!!!



(*) trilha perfeita embalando o novo comercial da Adidas