21 de maio + Eu Sou de Verdade +











Sim, Deus está nas pequenas coisas. E nas grandes então, nem se fala.
Sim, tudo que eu queria era bem daquele jeito agora... quentinho, amargo, derretido, descendo garganta abaixo, escorrendo...
Sim, era. Eu era. Ele era. Éramos.
Tá. E daí? Não foi, não é, não deu.
Pede a conta, fecha a porta e ponto final.
E deu.
Adeus, graças a Deus.

Somos todos assim.
Fazemos isso o tempo todo. Todo o tempo.
O complicado é notar o quão rasteiros e pífios podem ser alguns passos.

Vai, mas vai de uma vez.
Sempre soube que eu detesto tudo que é morno e meio mais ou menos.

Vai com força e com raiva.
Sempre soube que é assim mesmo que prefiro. Confessei desde sempre.







Sabe qual é o grande problema, afinal?
O problema é que eu sou de carne e osso.



Nada mais. Nada menos.







O problema é que joguinhos me cansam. Silêncios me cansam... Você me cansa.
Esses "restos de perfume no frasco", esses vacilos... aff! Me sinto extremamente desconfortável com esses pequenos vestígios de você que ainda habitam em mim.

O problema é que eu sou mesmo de carne e osso.



E não mais uma das suas personagens fantasiosas, um dos seus brinquedos, alguém que vai virar mais uma em um dos seus continhos... Não mesmo. Não sou nada disso aí que você talvez esteja pensando, achando... Eu sou apenas alguém que agora sabe que você não é ninguém.










Eu sinto. Eu choro. Eu me arrebento. Eu bebo. Eu velo meus mortos. Mas eu sei muito bem o que fazer com todo a tralha que sobra ao final, afinal.










"(...) por anos me perguntei: aquilo era verdade ou necessidade de inventar uma certeza? ninguém sabia. ninguém me respondia".







"Tudo tinha mudado. Menos o que ficou igual".










Nas aspas e na inspiração: Clarah Averbuck