28 de novembro + Virginia +


“Dear Leonard, to look life in the face … always to look life in the face, and to know it for what it is. At last, to know it, to love it for what it is, and then… to put it away. Leonard … always the years between us, always the years … always … the love … always … the hours.”



“Querido Leonard, é preciso encarar a vida... encarar a vida sempre, e saber como ela realmente é. Pelo menos, conhecê-la, para amá-la conforme ela se apresenta para você, e depois... descartá-la. Leonard... sempre haverá os anos... sempre... o amor... sempre... as horas.”

Queria uma tarde ao lado dela, falando e ouvindo...
Discutindo a métrica desconexa
Desentendendo a lógica desconcreta
O preciso e o imperfeito
O encaixe que não enlaça,
O vento frio que racha a vidraça

Queria falar mais do que a boca ou ficar apenas olhando Virginia divagar

Descobrir porque as palavras não se explicam e não se desenrolam,
como simples expressões de amor
como simples constatações de amor
simples
como deve ser o amor


A frase do post acima, conforme prometida... Santinha, para você.
Suas palavras têm sido verdadeiras portas abertas
e possibilidades maiores de entendimento.

Grazie bella!!

16 de novembro + Asas +

Mérito dos pássaros e anjos... pudera...
Com certeza são merecedores, bem mais do que nós

Que tipo de impropérios faríamos se as tivéssemos?
Hum... acopladas a mim seriam desastrosas...

Me levariam pra onde só a imaginação consegue chegar
E eu pousaria bem devagar, pra não assustar, e as recolheria

Com os pés tateando o chão, me aproximaria,
pisando em algodão, para não acordar, e lhe levaria comigo para voar

Seguro em meus braços, teria porque sorrir
E baixinho eu iria sussurrar:

"Não precisa ter medo, querido...
Acima das nuvens não chove..."

14 de novembro + Comporte-se Mal +

Para você:

Não faço idéia de onde você esteja agora
não sei por quais mundos seu silêncio transita

mas saiba...

De algum modo, eu estarei por perto,
caso queira lembrar que há você em todos os meus mundos,
por onde quer que eu transite

E na verdade pouco importa em qual mundo a gente habite e por quais mundos nossos caminhos nos levem,

não importa,
pois sei que sempre haverá nós em nossos mundos,
onde quer que a gente esteja,
longe ou perto, cedo ou triste

11 de novembro + Aquarela +


Queria explicar isso de forma simples, mas não é fácil explicar. Bem, mas se eu soubesse como, eu explicaria que é com um enorme e generoso abrir de braços que se abraça. Que é com um sorriso repleto e com um olhar perdido que se encanta. E que é com a ponta dos dedos que se pinta as cores do céu.

Queria explicar isso de forma simples.
Não com a simplicidade das frivolidades, mas sim com a simplicidade do que é belo e básico.
A simplicidade dos pequenos prazeres.

Simplicidade de quando o enlace é perfeito e nada precisa ser dito. Simplicidade de uma proteção acolhedora na chuva ou um chinelo velho na areia quente.

Queria explicar o que as constatações têm feito com meus dias.
Explicar que eu entendo e respeito. Muito. Mas... mas... Não sei.
Explicar que é mesmo no detalhe que mora a perfeição e como os pequenos passinhos lentos nos levam a grandes lugares.

Pequenos também são os pequenos gostos e prazeres, que estão cada dia mais difíceis de serem notados - já que as vitrines e comerciais andam cada vez mais abarrotados de oportunidades e novidades - o que nos afasta substancialmente do que é básico. São tantas as opções que a gente até esquece qual era mesmo o objetivo inicial da busca.

E não é só na compra do sapato novo que bate essa dúvida, mas na vida em si, no lidar, no tratar, no amar. São tantas as coisas que acontecem ao redor que ficamos assim, perdidos, sem saber pelo que optar, pelo que decidir. É a simplicidade escoando ralo abaixo. Mas não era só estender e segurar minhas mãos? Não era só fechar os olhos e repousar no meu colo?

Optaremos pelo que? Seremos o que para quem nos ama e quer nos dar amor? O que permitiremos que essa cicatriz faça em nossas almas? Recolheremos as mãos, ao invés de estendê-las?

- Moça, eu quero aquele ali: de salto baixo, 38, aquele... o prateado, cor de estrela.

"Gonna write a song so she can see
Give her all the love she gives to me
Talk of better days that have yet to come

...

A man can never dream these kinds of things
Especially when she came and spread her wings
Whispered in my ear the things I'd like
Then she flew away into the night”



"Songbird"
Oasis

07 de novembro + Nas mãos delas +

A percebi num canto, com vergonha de falar comigo.

- "Diz Marília, o que foi?"

Aflita como ela só, se retorceu e seu olhar falou comigo. Doce respiração. Ofegante e preciptada. Desesperadora.

Entendi e foi assim que ponderei, calculei e enfim, decidi: Darei férias à Marília.

- "Vá Marília, vá. Seu lugar em minha vida é só seu e quando me toma de assalto, imergo nos seus gostos, sonhos e vontades. Deixo que guie minha vida como gosta, bem daquele seu jeito, silencioso e aflito, suspirando, velando seus mortos com a mesma intensidade de quando o luto era recente. E você me suga até o talo, Marília... Vá, está exausta... eu também."

E de longe a outra me olha com sede, com vontade, sorriso malicioso, louca pra se lançar sobre mim e tomar meu corpo inteiro. Julia... Meu Deus! Julia!

Impulsiva, elétrica, falante... poucas palavras, muita ação. Julia não assusta só a mim, mas aos corações que ela vai deixando pelo caminho...

Ela sabe exatamente o que fazer e faz... faz descaradamente... faz e gosta. Faz porque gosta e morre de rir depois do último suspiro. Julia não cansa. Não descansa.

Meus eus conflitantes e a transição me deixando louca! As duas debatendo e disputando um lugar em minha mente...

Marília serena e sóbria, quase desbotada, caindo pelas tabelas, implorando por férias. Julia ativa, saltitante, corada, rindo como só ela, pronta para entrar em ação.

Fico nas mãos delas. Dou minhas mãos para elas. Deixo que se misturem, as duas, inteiras. Deixo que Julia viva e Marília transforme o fato em texto. Deixo que Marília fique quanto tempo quiser, mas admito, é Julia que me dá os melhores dias.

- "Julia, vá com calma. Houve invernos por aqui. Confesso que quando meu eu está tomado por você eu fico mais desperta, mais disposta e intensa, mas calma... Ah, Julia... sei que quando Marília fechar as malas e cruzar a porta você vai mandar tudo as favas e rir de todo esse meu medo e ponderação... e eu vou gostar. Ah, Julia! Amo Marília até o último fio, mas essa sua vivacidade traz a tona o meu lado mais mulher, mais vivo, mais ativo e adoro ficar assim Julia, adoro."

+ De mudança +

Marília faz uma lista de recomendações e entrega o papel para Julia, que olha com respeito, mas não liga. A primeira me olha receosa e reitero: "Vá tranquila querida, vá."

Talvez fosse melhor se Julia ouvisse os conselhos de Marília, mas se Julia ouvisse conselhos não seria Julia.

Sigo acompanhando o movimento das duas... Marília mostra a nova mobília, enquanto Julia se apressa em abrir as cortinhas e janelas.

+ Quanto a mim +

Já sinto saudades dela... sua melancolia, sua oração silenciosa, o zelo aos mortos, a bagunça arrumada... Mas anseio pela vitalidade da outra, o modo como ela põe fogo em minhas ventas, o ar renovado que ela bombeia em meus pulmões... E deixo. Deixo que me tome.

Ela me olha e sem a menor permissão, lentamente, vai trocando os móveis de lugar.

Parada, espero a transição, deixando que decidam qual delas será meu próximo eu e sigo sendo apenas a Camila de sempre, com um pouco das duas por todos os poros.

01 de novembro + Doce Novembro +


"eu quero ficar perto, de tudo que acho certo
até o dia em que eu mudar de opinião (...)
coisas que eu sei"
R.E.M. com "Leaving New York"

Perfeita
Perfeita
Absolutamente perfeita e necessária para entender certos momentos do dia, que de tão perfeitos, me deixam assim... boba, vendo tudo de boca aberta...

Ouça a música que vem de dentro do seu coração... apenas ouça...

musicas

Para deleite… Placebo e Pixies com "where is my mind". Ouvindo esse tipo de maravilha e tentando entender a letra só posso concluir que escrever sempre com coerência pode ser mesmo muito chato! Pixies na veia! Placebo na alma... Pra provar que essa história de coerência deve ser mesmo só mais uma bobagem que fizeram a gente acreditar!

Echo & The Bunnymen - The Killing Moon
Placebo - Where is my mind (Pixies)
Uncle Kracker - Drift away(Dobie Gray)