11 de novembro + Aquarela +


Queria explicar isso de forma simples, mas não é fácil explicar. Bem, mas se eu soubesse como, eu explicaria que é com um enorme e generoso abrir de braços que se abraça. Que é com um sorriso repleto e com um olhar perdido que se encanta. E que é com a ponta dos dedos que se pinta as cores do céu.

Queria explicar isso de forma simples.
Não com a simplicidade das frivolidades, mas sim com a simplicidade do que é belo e básico.
A simplicidade dos pequenos prazeres.

Simplicidade de quando o enlace é perfeito e nada precisa ser dito. Simplicidade de uma proteção acolhedora na chuva ou um chinelo velho na areia quente.

Queria explicar o que as constatações têm feito com meus dias.
Explicar que eu entendo e respeito. Muito. Mas... mas... Não sei.
Explicar que é mesmo no detalhe que mora a perfeição e como os pequenos passinhos lentos nos levam a grandes lugares.

Pequenos também são os pequenos gostos e prazeres, que estão cada dia mais difíceis de serem notados - já que as vitrines e comerciais andam cada vez mais abarrotados de oportunidades e novidades - o que nos afasta substancialmente do que é básico. São tantas as opções que a gente até esquece qual era mesmo o objetivo inicial da busca.

E não é só na compra do sapato novo que bate essa dúvida, mas na vida em si, no lidar, no tratar, no amar. São tantas as coisas que acontecem ao redor que ficamos assim, perdidos, sem saber pelo que optar, pelo que decidir. É a simplicidade escoando ralo abaixo. Mas não era só estender e segurar minhas mãos? Não era só fechar os olhos e repousar no meu colo?

Optaremos pelo que? Seremos o que para quem nos ama e quer nos dar amor? O que permitiremos que essa cicatriz faça em nossas almas? Recolheremos as mãos, ao invés de estendê-las?

- Moça, eu quero aquele ali: de salto baixo, 38, aquele... o prateado, cor de estrela.