01 de janeiro + Mentre Piove +

Choveu na tarde do primeiro dia do ano.
Prelúdio?
Do que?
De nada! é só chuva, lavando, levando...

Linda e trazendo o cheiro das folhas pra dentro de nós, foi assim que a primeira chuva caiu, intensamente e com os olhos parcialmente abertos pude começar a escrever esse texto...

Muitas foram as chuvas do ano que passou: fracas, intensas, ousadas, devastadoras, ralas, fresquinhas, rapidinhas, fortes... variadas tempestades e lidar com todas elas trouxe a tona nossas mais escondidas capacidades... seríamos capazes de enfrentar os vendavais internos que nos acometeriam e sobreviver?

Desafiadoras foram as chuvas... Mesmo quando o dia lá fora estava convidativo e o céu lindíssimo, por vezes, o ano de 2007, trouxe grandes tempestades para minha vida. Chovia, muito! Tardes insuportáveis de chuva e frio. E as noites? Dessas eu nem vou falar...

Choveu muito. Não no sentido lindo de simplesmente deixar cair água do céu, mas no sentido de derramar saudade, espalhar instabilidade emocional, alagar e confundir pequenos sentimentos, grandes sensações, e foram... ah...

Choramos e sofremos,
Ora sozinhos,
Ora um no colo do outro

Cantamos,
Ora desafinados,
Ora alto demais!
Ora só para rirmos um da cara do outro...

Cuidamos
Ora com sorrisos, ora com carinhos
Ora do que fizemos um ao outro
Ora das feridas um do outro...

Olhamos a chuva
De baixo pra cima
Debaixo e de cima

Discordamos de quase tudo e
Terminamos de mãos dadas,
Destoando

As cores, ora pálidas, ora escoando pelo ralo,
Emergiram e retomaram seus lugares em meus sorrisos

O inverno se aqueceu
A primavera arrebatou o que o outono prometeu e o verão...
Ah...

Ah... se a chuva tivesse o poder não só de cair, mas também de espalhar, através de suas águas, todo meu carinho, saudade, vontade e verdade, levaria, gota a gota, pedacinhos de mim pra respingarem em sua janela... aquela, do seu quarto ou do seu carro, e nelas escreveriam palavras encantadas pra você ler e saltar. Saltar num pulo veloz e vir em minha direção.