+ O descompasso dos passos na direção errada +

20 de junho

E lá estava ela acordando novamente com aquela sensação... E pra dizer bem a verdade, acordando uma ova! Quem disse que ela havia dormido? Já com os planos em mente desde a noite anterior, aquele intervalo entre a noite e o dia havia sido um mero passar de horas...

Perfumada e com um brilho luminoso nos olhos, sabia exatamente onde tudo aquilo iria dar e apesar de já ter se programado para aquele momento, ao chegar, sentiu como se todos os "planos" estivessem desfeitos e dali, enquanto ele dirigia, ela olhava pela janela do carro... já sem planos nenhum.

Mais do que os planos, o que ela também viu escorrer pelo ralo foram os sonhos... ali, escorrendo... como se fosse algo "escorrível"... como se não fosse concreto! ops! e não eram mesmo... (Santa paciência!!) nem os planos nem os sonhos, e por fim, após a festinha, claro, não havia príncipe, cinderela, sapatinho e muito menos, planos e sonhos.

Pela miléssima vez e de novo, de novo... (Santo Deus!), ela pensou que seria algo diferente, algo palpável, algo do tipo "hum, vou te levar pra casa, gatinho!", mas ele não é uma pelúcia e nem ela é uma ladra, então... voltamos ao desconcertante momento em que ela percebeu a inconstância dos atos, o despropósito de estar ali, o descompasso dos passos dados na direção errada...

Era tudo outra vez, de novo, pra variar, como sempre... o mesmo discursinho vazio, patético e cafajeste. O mesmo cheio de fim de festa, o mesmo beijo seco, afinal, ao final, o mesmo gosto de "só isso", no final, afinal. A mesma solidão inconcreta e rarefeita, aquela que ela sente sempre (sempre e sempre) ao final de mais uma de suas histórias incompletas e desfeitas.


Nada é mais rarefeito do que um monte de nada tentando ocupar um monte de espaços vazios...

...nos desconcertantes momentos em que se percebe a inconstância dos atos,
o despropósito de estar ali, o descompasso dos passos dados na direção errada...

"eu vou contando as horas... e fico ouvindo passos... quem sabe o fim da história... de mil e uma noites de suspense no meu quarto..."