29 de setembro + Bonequinha de Luxo +

Largaria tudo pelos cantos hoje por um qualquer motivo vão. Qualquer um. Deixaria caixas e papéis para trás, pela alegria, mesmo que amena, de uma vida nova, em outro lugar. Um novo sopro de ar para respirar. Não me importaria com luxos ou grandes projetos, projeções, não. Seria uma serva, teria a beleza dos ignorantes. A beleza das mulheres que saem de casa sem maquiagem e deixam seus cabelos secarem ao vento.

Quero desligar os aparelhos. Eutanásia. Arrancar os fios, cabos e resquícios que elevam meus pensamentos a certas histórias e situações. Meu corpo precisa disso. Desbloquear, descongestionar meus poros, veias e minha vida. Seguir. Respirar. Não mais condicionar meus passos aos deles e só agir quando eles decidirem trocar minhas pilhas, me tirar da estante e brincar. Brincar com a boneca deles e me tratar feito boneca! Não sou de porcelana! Não vou quebrar! Parem de tentar me cuidar!

Não adianta! Tem tanta história acontecendo e todas, sim, todas me enchem de alguma coisa. As vezes, expectativa; Quase sempre, ansiedade. E morrer na praia cansa... Estou cansada... por isso quero os desconectar de mim, desligar o que me liga a eles. Arrancar os cabos e seguir.

Eles me sugam. Aspiram minha energia. Quanto desperdício! Meus pulmões vivem inflados, mas é ar rarefeito. Logo esvaziam e vem os suspiros. Ah! Fantasiar. Planejar. Inflar. Esvaziar. Chega! Chega de morrer todo dia, analisando e nunca entendendo.

Chega de tanta ligação pra dizer nada, chega de silêncios e esperas, coisas que eu não posso dar, não posso! chega de vocês tentando me entender, tentando me salvar, tentando me fazer acreditar que podem ser melhores para mim! Não dá! Não são! Pra que tudo isso? se no final o que fica é pó, sal, areia, escorrendo pelo meu corpo e indo embora. Vazio. “Caixas vazias em formato de coração”.