26 de setembro + Desdobramentos +

Quando o telefone tocou as 10h da manhã de sábado, eu estava dirigindo e mesmo prestando pouca atenção ao que ele dizia, prometi que ligaria mais tarde. Era dia 22 e eu estaria realmente ocupada o dia todo.

Eu sempre dirijo e falo ao telefone (e ele sabe), mesmo assim esse dia fui patética e na ausência de algo melhor para dizer, lancei: "Então... tô dirigindo e tal... posso te ligar mais tarde?"

Por volta das 10h da noite liguei e ele foi carinhoso e mesmo tendo percebido minha inércia na ligação da manhã, teve forças para dizer que estava com saudades.

A sala estava escura e eu, sozinha na casa. Em uma das mãos um copo de vinho e na outra o controle remoto disparando meu DVD novo do Cranberries (no talo!). Somado a este cenário havia ainda em mim alguns vestígios de uma tarde semi etílica ao lado de amigos queridos. Foi a mistura perfeita e necessária para que eu explicasse meus porquês, sem a menor coerência nas palavras.

Ele, que já havia me penalisado e sutilmente cobrado uma atuação mais presencial (por diversas vezes), desta vez, ouvia atentamente. Realmente eu estava ausente, ligando pouquíssimo e chateada também pelo modo como vínhamos conduzindo tudo desde abril.

Claro que minha ausência durante o inverno o magoou muito, mas havia outros ajustes a serem feitos e esse jeito dele "depois a gente vê isso", não combina comigo... Dou razão para ele por emputecer quando eu sumo e também pela vez em que ele, se sentindo traido e idiota, bateu o telefone na minha cara.

Mas como é sempre sorrindo que olho em seus olhos e peço desculpas e ainda, o modo como morro de rir quando ele me imita (sorrindo), que me faz pensar nas possibilidades e tento esquecer as cobranças dele...

Bem, de volta ao sábado, após ele lançar mais um "achei que você não ligaria", eu disse o que devia ser dito e ao final ele peguntou: "Camila, você bebeu hoje a tarde?"Pausei o DVD, virei o vinho de uma vez, fechei os olhos e durante 2 minutos dissertei sobre mim, sobre o que estava acontecendo e sobre nós. Acho que ele entendeu, mas ainda não me disse o que acha sobre tudo...

Falei sobre a guarda (que é uma questão que me incomoda muito), sobre a naturalidade como ele encara alguns tipos de relacionamentos (steps, por exemplo), sobre o tal engate e desdobramentos (lentos demais!) e sobre as cobranças erradas (pelos motivos errados e nos momentos mais errados ainda)

"Quero te ver. Tô indo praí, minha complicadinha linda!"

O fato é que o inverno acabou e o que restou foram perdões concebidos (finalmente em paz com meu passado) e o frescor de um amor novo, (que me inundou há pouco mais de 1 mês e que ainda não sei bem o que pensar sobre). Agora... e nós? o que posso dizer? Posso dizer que quando ele acatou meu silêncio (em meados de julho) e me disse que eu devia pensar bem e "resolver isso da melhor maneira possível", achei que o assunto havia acabado...

Dia 22 terminaria com um abraço longo e silencioso no portão de casa e ainda, um sono arrebatador. Nada mais do que abraços e juro, foram mais do que suficientes. Sóbria, por volta das 2h da manhã, enfim peguei no sono.