21 de outubro + Daqueles que quiseram me levar daqui +



Posso te explicar o mundo?
Não. Obrigada.

Minha maturidade hoje permite que haja menos devaneios dentro de mim. Ela me faz mais dura. Mais cabeça dura. Faz de mim alguém um tanto quanto resiliente inclusive. Não peço mais explicações sobre lições que não faço mais questão de aprender. Ou aprendo pela osmose, ou não aprendo. E que se vá. Assim como as lamúrias antigas. 

Venha, deixe sua marca bonita em minha vida, ensine ou aprenda algo, beba o quanto quiser da minha bebida e vá embora. E por favor, não cobre de mim nada mais que isso. 

Em cima dos meus saltos e por baixo dos meus vestidos curtíssimos o platinado dos meus cabelos denuncia o que pode ser tocado e o que não. Toque minhas pernas, meu rosto, minhas mãos, mas jamais toque meu coração. E acostume-se. Não há caminhos para eu te ensinar. 

Darei pequenas doses do meu tempo, talvez alguma atenção madrugada adentro, um carinho esporádico ou um gole generoso do meu sorriso. E só. Nada mais. 

Sem jogos, sem enlaces, sem complicadores nominais, apenas momentos. Gotas, jamais litros. Não adianta insistir e nem me chamar de egoísta. Isso só me afasta. Não adianta. Eu não abro mais as janelas. 

***

Esse 21 de outubro está com um sabor tão esquisito. Admito que fico meio perdida quando não sei direito em que caixa acomodar as coisas que passeiam dentro de mim. Quando paro para analisar 2013 falo de crescimento e superação (reais, com certeza), mas fica tão piegas... A verdade é a que sangra e não a que é pura balela. Ouvi tanta coisa nesses últimos tempos que decidi simplesmente aceitar como verdade e só.

É verdade? Não sei. 
Aceitei? Sim, pois era só o que eu podia fazer a respeito. 
Desceu pela garganta? Sim, mas como falei... com um sabor esquisito. 

Há alguma coisa que eu possa fazer além de pequenos grandes suspiros pela madrugada?  Não. 

Começo a ponderar então sobre como agir diante da única coisa que - de fato - está em meu poder.

***

"Não precisa falar
Nem saber de mim...
Nasceram flores num canto de um quarto escuro
Mas eu te juro,
São flores de um longo inverno"

Otto
6 minutos