12 de março + Colheita +



"Quero sua pouca castidade, quero toda ela. Quero seu ritmo, seu cheiro e suas fantasias todas. Quero seu suor e sua boca. Quero sua descompostura, desalinho e quero mais.

Quero seu sussuro, seu gemido, seu silêncio. Quero seus lábios cerrados, unhas cravadas, seu prazer. Quero seu sentimento do final do mundo, sua contração de todo músculo, seu orgasmo, sua paz. Quero seu desejo, pensamento e quero mais.

Quero seu olhar tristonho, sua euforia, seu descanso no meu peito. Quero sua delicadeza, seus projetos, seu sonhar. Quero sua distância, seu desespero, seus planos e armadilhas. Quero sua fragilidade, inocência e quero mais.

Quero sua presença, seu cabelo, sua mão. Quero seu sorriso sincero, seu boa noite, seu cochilar. Quero seus poemas tristes, seus alterego, seu coração. Quero seu tempo raro, prioridade e quero mais. Quero mais, eu quero! Mais uma palavra.

Fica."



Era um texto que traduzia as vontades ainda não vividas, mas que os instintos já queriam devorar. Era delícia escorrendo em forma de som pela madrugada quente. Era. Hoje é paupável, tem a textura perfeita dos pêssegos, tem cores de tarde ensolarada.



O amor encontrou o caminho de casa, o colo perfeito, o capricho das pequenas delicadezas, as doações desmedidas, os saltos, o voar. Hoje tudo virou um só dentro de tudo que éramos nós. Hoje a vida sorri clara, linda, possível, ardente, excitante, vibrante, apaixonada, calma, com o carinho que as mãos não cansam de fazer.



O meu amor ganhou forma dentro do coração dele. Personificou. Traduziu. Floresceu. O amor dele veio brincar no meu quintal, ver as flores e as luzes ganhando corpo no meu pequeno grande jardim.