"(...) Nunca roubei, nunca matei. Se impedi alguém de alcançar a felicidade, não me dei conta e peço desculpas. Peço perdão até. Não me julgo perfeita. Longe de mim! Carrego minhas zonas escuras, mas também umas zonas legais. Então... Elas por elas.
Que zonas escuras?
Sou rancorosa. Lógico que rejeito o sentimento e me policio: "Vamos largar de besteira!". No entanto... Ressinto-me igualmente de não ter mais disponibilidade para os amigos e a família. Às vezes, exagero na reclusão. Distancio-me de meus afetos. Quando penso nos colegas que se foram e na atenção insuficiente que lhes dediquei... Flávio Rangel, Renato Consorte, Paulo Gracindo, Lélia Abramo, Zilka Salaberry, Gianfrancesco Guarnieri, Paulo Autran... Convivi tão pouco com o Autran... Sorte que, às vésperas de morrer, ele me mandou uma carta, comovido. Falava de coisas doces. Foi provavelmente a última carta que redigiu. A vida não passa disso, de um demorado adeus (...)"
Trecho da entrevista, disponível também - na íntegra - no site da "Bravo!"
E pra assistir: "Viver sem Tempos Mortos", monólogo sobre Simone de Beauvoir. Em cartaz no Sesc Consolação (rua Dr. Vila Nova, 245, São Paulo, 3234-3000). De 20/5 a 28/6.
Com o coração na mão.
Foi exatamente assim que eu fiquei.