"Antes de amar-te, amor, nada era meu
Vacilei pelas ruas e as coisas:
Nada contava nem tinha nome:
O mundo era do ar que esperava.
E conheci salões cinzentos,
Túneis habitados pela lua,
Hangares cruéis que se despediam,
Perguntas que insistiam na areia.
Tudo estava vazio, morto e mudo,
Caído, abandonado e decaído,
Tudo era inalienavelmente alheio,
Tudo era dos outros e de ninguém,
Até que tua beleza e tua pobreza
De dádivas encheram o outono."


Pablo Neruda

14 de fevereiro + A chave da porta da frente +


"Lights will guide you home
And ignite your bones
And I will try to fix you"


Fix You, Coldplay


A questão é que eu não sou uma garota de apenas só tentar consertar. Quando eu topei isso, era pra conseguir consertar. E tudo só foi possível porque a parte quebradiça aceitou o afago das mãos estendidas e o calor do peito aberto. E a felicidade veio... pra invadir o que já andava preenchido... há séculos...

14 de fevereiro + Contagem Regressiva +



A partir de agora, 24 horas. Amanhã será dia 15 e aviões de todas as partes do mundo vão aterrissar em São Paulo. Vão chegar lotados de pessoas, com suas infinitas histórias, motivos, expectativas, sonhos... Milhares de pessoas vão chegar e tomara que todos tenham com quem encontrar. Tomara que haja muitos encontros e que os aviões tragam todo mundo de volta pra quem espera ansiosamente aqui.







De todos os milhares de motivos, de um eu sei. Um dos passageiros está voltando para o cantinho dele. Com a mala cheia de saudades e vontades. Infinitas. Está voltando para a família dele, para o trabalho dele, para os amigos... Voltando para o sofá dele, para o moleton...


Voltando para... Mais. Dentro. Perto. Sempre... Infinito... Voltando para ficar...

07 de fevereiro + Cantinho +







Não é daquelas coisas de explicar... É daquelas de sentir. Sentir? Nem sei... É mais do que só sentir. É coisa de mão que não sabe desgrudar. Gosto que se sente à distância. Coisa de perfume no moleton. É coisa de dar e receber. Carinho explícito, aos montes, sem hora de acabar, sem hora de dizer coisas certas, erradas, do avesso... É daquelas coisas que a gente sente e nem sabe de onde vem... nem direito o que fazer... mas fazemos mesmo assim. É coisa de deixar na pele, nos dedos, nas horas... É daquelas coisas de não parar de pensar, de saudade de quem ainda nem saiu pela porta, de braços abertos, de avião pousando, de mergulhar, de palavra que vem e vem e vem de novo... É coisa de quem aperta, segura, agarra... no cantinho.



03 de fevereiro + Alta madrugada +



Tem centenas de coisas que eu desconheço. Outras milhares das quais nunca saberei o significado... O melhor de tudo isso é justamente o fato de estar em paz com isso agora. Hoje eu quero viver de brisa, sentindo o arrepio do vento que bate nos fins de tarde e o cheiro bom da lavanda. Eu não quero me esconder do sol. Nem do vento. Não sou muito de frear. Nem quero. Já tive centenas de chances de errar. Outras milhares de acertar... E o que me faz bem hoje é a paz em sentir que talvez - quase sempre - eu as tenha usado da melhor forma.
Todo mundo devia ter uma história como essa durante a vida... Que proporcionasse coisas tão saborosas como as que a gente sente quando está junto.

Todo cara tinha que ter uma história com uma garota que fizesse com ele o que eu faço com você.

Toda garota devia ter uma história com um cara que fizesse com ela o que você faz comigo.

“E o que estava longe está aqui
dentro e tão perto
De um jeito tão certo que só cabe mesmo em mim
Beijo e abraço
No tempo que passa
Lento e a jato”



“Mosaico abstrato”, Nando Reis